O título do filme “Ponto de Mutação”, drama dirigido por Berntfundou Capra (1992), sintetiza a reflexão a cerca da necessidade de uma mudança de paradigma no trato e conceituação da ciência contemporânea. Hoje se exige do cientista a compreensão dos fenômenos como sistêmicos e integrados. Torna-se necessário que a interpretação da vida seja encarada de uma forma nova. Explicar a vida não mais a partir de suas partes fragmentadas e isoladas, mas o grande desafio apontado na obra, reside em buscar uma percepção das conexões e associações sistêmicas do mundo com o ambiente ecológico.
O roteiro faz uma crítica à inexistência de uma ciência pura justificada em si mesmo a partir da autonomia dos cientistas em fazer a escolha dos assuntos que mais os fascina isentos de qualquer influência externa de caráter político ou mercadológico.
Os filósofos do século XVIII foram citados, a exemplo de Descartes e Newton, por serem representantes de uma forma de conceber a ciência dentro dos princípios e valores mecanicistas. Certamente essa contribuição que na época foi um grande salto para interpretar o mundo para além do misticismo e dogmas do passado medieval, hoje já está superada. Como forma de explicar o mundo naquela época, foi utilizada a metáfora da visão do mundo como um grande relógio perfeito como exemplo. Para entender esse mundo bastaria decompor as suas partes para que fosse percebido o todo.
Os pensadores racionalistas e mecanicistas, dessa forma, determinaram os rumos da ciência no ocidente, forma esta que permaneceu hegemônica até os dias atuais. Segundo o filme, é essa noção de mundo que já não basta para explicar o presente. A mudança do mundo contemporâneo exige uma nova cosmovisão que dê conta da resolução dos graves problemas ecológicos, sociais e econômicos, todos eles criados pela sociedade tecno-industrial liberal do século XVIII.
Traçando um paralelo com a contemporaneidade, podemos verificar que existe uma pauta de prioridades da produção científica no mundo que é definida pelo Estado ou pelos agentes privados, que detém o poder econômico. Essas instituições públicas e privadas em toda parte do planeta, dirigem e determinam a sua estratégia, o que deve ser pesquisado e que não é prioridade. No argumento de um dos personagens do filme é dito que 70% das pesquisas científicas nos EUA, atualmente, são pagas pelos militares do Pentágono.
No nosso país, mesmo em condições econômicas muito menos favoráveis do que nos EUA, devido à globalização, também é possível perceber essa tendência de um certo dirigismo intelectual. No ambiente de produção científico inicialmente de muitas Universidades Federais, que mais tarde se reproduziu nas Estaduais, quando foram criados os chamados “Centros de Excelência”.
Na década de 90, com a montagem do modelo neoliberal, que esse modelo se disseminou. As estruturas acadêmicas se adaptaram, muitas vezes em nome da obtenção de verbas e convênios aparentemente “desinteressados”, quando reitores e diretores das instituições modelaram a produção científica para atender os interesses das grandes corporações.
Esses centros passaram a dedicar a sua produção a temas de interesses de grandes grupos econômicos, alguns estrangeiros, que vinculam o seu apoio a determinadas áreas, desprezando outras, através de convênios e cooptação de núcleos de pesquisa oferecendo bolsas e verbas. Não raro, devido a busca de oportunidades de trabalho e de reconhecimento, ocorre frequentemente a migração de competentes cientistas rumo aos países do Primeiro Mundo. Deslocam-se para as mesmas nações que curiosamente determinam e impõe obstáculos ao nosso desenvolvimento, autonomia e soberania tecnológica.
O filme esboça a idéia de uma nova percepção científica denominada de Teoria dos Sistemas, segundo a qual todos os seres vivos, estão integrados através de sistemas sociais e por ecossistemas. Essa visão holística integra as partes com o todo e permite que sejam feitas as interconexões existentes entre a VIDA e as MATÉRIAS.
É preciso que o mundo seja pensado como processos integrados e não como estruturas. O pensamento cartesiano elabora a sua percepção mecanicamente. A metáfora do relógio perfeito já não serve mais para analisar os padrões globais complexos do mundo contemporâneo.
Com a mudança radical dos ideais e valores da humanidade, poderemos promover o avanço de um novo padrão de ciência que proponha a efetiva resolução de parte dos problemas da humanidade sem criar outros muito mais nocivos. Somente assim, a ciência alcançará um patamar ético aceitável para a convivência entre homem e natureza, entre a vida e a sua reprodução saudável. Um salto de qualidade, um “Ponto de Mutação”.
Palavras Mudas? A palavra. O silêncio. Aquilo que antes permanecia não dito agora ganha voz. E nesse rasgo do silêncio pode-se tornar outro. Mudança, quebra. A palavra, então, muda. Sejam Bem Vindos.
segunda-feira, 21 de março de 2011
sábado, 19 de março de 2011
quinta-feira, 17 de março de 2011
HISTERIA (MODE ON)
como controlar esse impulso que me joga sempre na direção de querer mostrar pra ti o quanto sofro?
o quanto choro? o quanto sangro?
a medida de minha existencia é delineada pelo tamanho da dor?
doer é existir?
existir é, enfim, colocar-me à tua disposição para que tu, sim, possa me dizer quem sou.
infeliz desse que chora na busca eterna de um riso perdido,
na lagrima cansada de rolar.
histerico cansado de si mesmo, de nao saber quem é si mesmo,
cansado de buscar em ti o que se perdeu em mim.
me devolve pra mim?
devolve esse restinho de homem que um dia fui.
devolve aquela vontade, mesmo que minima, de continuar a andar.
tuas palavras nao conseguem superar meus pensamentos circulares.
nada do que digas pode, triste isso, ser maior que a minha falta de...
de que mesmo?
nem sei mais o que entreguei a ti.
esses meus pedaços de carne amarrados sao tao bobos quando tentam conversar entre si.
(i.h.)
o quanto choro? o quanto sangro?
a medida de minha existencia é delineada pelo tamanho da dor?
doer é existir?
existir é, enfim, colocar-me à tua disposição para que tu, sim, possa me dizer quem sou.
infeliz desse que chora na busca eterna de um riso perdido,
na lagrima cansada de rolar.
histerico cansado de si mesmo, de nao saber quem é si mesmo,
cansado de buscar em ti o que se perdeu em mim.
me devolve pra mim?
devolve esse restinho de homem que um dia fui.
devolve aquela vontade, mesmo que minima, de continuar a andar.
tuas palavras nao conseguem superar meus pensamentos circulares.
nada do que digas pode, triste isso, ser maior que a minha falta de...
de que mesmo?
nem sei mais o que entreguei a ti.
esses meus pedaços de carne amarrados sao tao bobos quando tentam conversar entre si.
(i.h.)
Delicada Revolução
nada de quebrar pratos, pois
o movimento agora é lento.
sereno, interno.
lingua salivada em sub-texto,
em nao-dito.
revolução pela palavra,
dita, nao dita.
oleando as juntas,
delicado, vou.
(i.h.)
o movimento agora é lento.
sereno, interno.
lingua salivada em sub-texto,
em nao-dito.
revolução pela palavra,
dita, nao dita.
oleando as juntas,
delicado, vou.
(i.h.)
terça-feira, 15 de março de 2011
Pensamento do dia!
"Não é a força, mas a constância de bons sentimentos que conduz os homens à felicidade". (Nietzsche)
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